Pr. Adelcio Ferreira
A imortalidade da Alma
Atualizado: 18 de fev. de 2021
E SONO DA ALMA, ANIQUILACIONISMO, ANIQUILACIONISTA, MORTALISMO, MORTALISTA, ADVENTISMO, ADVENTISMO, SABATISMO, SABATISTA, ETC.

A doutrina aniquilacionista defende cessação total da vida no ato da morte. A alma, princípio vital, sucumbe com o corpo na sepultura. Ao descer ao pó, o homem, desaparece por completo. Todavia, segundo essa teoria, os justos ressuscitarão no tempo oportuno e voltarão à condição original de alma vivente. O castigo dos ímpios seria o de não viver para sempre com Jesus. A morte para estes seria realmente a separação eterna de Deus. Neste caso, não haveria os diferentes graus de castigo, segundo as obras de cada um. "O aniquilacionismo defende que, após a morte, a alma do ímpio não será punida eternamente num inferno literal, mas, ao invés disso, simplesmente deixará de existir. O aniquilacionismo constitui um meio termo entre o universalismo indiscriminado e a doutrina cristã tradicional da condenação eterna. É defendido pelas testemunhas de Jeová, pelos adventistas do sétimo dia, pela Igreja Mundial de Deus, e muitos outros grupos religiosos em atividade atualmente" (Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, George A. Mather). O Antigo Testamento é pouco elucidativo quanto à vida após a morte. É no Novo Testamento que vamos encontrar indicações mais claras a respeito do assunto. Comecemos pela formação do homem no Éden, onde pela primeira vez, a palavra alma é registrada: "Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. Então da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou a mulher, e a trouxe ao homem" (Gn 2.7,22). Deus criou os animais sem soprar em suas narinas e os chamou de "répteis de alma vivente [criaturas que vivem e se movem]" (Gn 1.20,21), diferentes do homem que recebeu o fôlego diretamente de Deus. Os seres humanos possuem portanto algo que veio diretamente da substância de Deus. A esse fôlego damos o nome de alma. Vejamos agora o significado das palavras "alma" e "espírito" no hebraico e no grego, línguas originais do Antigo e do Novo Testamento, respectivamente. Alma, hebraico "nephesh". Significados principais: alma, ego, vida, pessoa, coração; refere-se à essência da vida, ao ato de respirar, tomar fôlego. Alma, grego psyche. Significados principais: a vida natural do corpo; vida; a parte imaterial, invisível do homem, o homem interior (Mt 10.28; At 2.27; 1 Rs 17.21). Espírito, hebraico "ruah". Significados principais: respiração, ar, força, vento, brisa, ânimo, humor, Espírito. Vejamos alguns exemplos: respiração que, quando volta, a pessoa é reavivada: "E [Sansão] bebeu[água]; e o seu espírito [literalmente, respiração] tornou, e reviveu" (Jz 15.19); elemento de vida no homem, o seu "espírito" natural: "E expirou toda carne que se movia sobre a terra [...] Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes" (Gn 7.21.22). Estes versículos dizem que os animais também possuem "espírito", porém o homem recebeu o "fôlego" de forma diferente. Espírito, grego pneuma. Significados principais: vento, respiração; parte imaterial, invisível do homem (Lc 8.55; At 7.59; 1 Co 5.5; Tg 2.26); o Espírito Santo; o homem interior, com relação aos crentes; os espíritos imundos, demônios; o corpo da ressurreição (1 Co 15.45; 1 Tm 3.16; 1 Pe 3.18). (Fonte: Dicionário VINE, W.E.Vine, Merril F. Unger, William White Jr., CPAD, 2002, 1a. Edição). Em Isaías 26.9 o profeta apresenta nephesh e ruah como sinônimos: "Com minha alma te desejei de noite e, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te". Parece indicar que a alma está ligada aos sentimentos ("te desejei"), sendo o espírito o elemento vital de comunicação com Deus. A Bíblia não faz uma nítida distinção entre alma e espírito. Maria, mãe de Jesus, orou assim: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador" (Lc 1.46-47). Jesus, no Getsêmani: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal" (Mt 26.38). Na cruz, Ele bradou: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46). Por isso, para efeito deste trabalho, chamaremos de alma ou espírito a parte imaterial que se separa do corpo na hora da morte. A alma foi doada ao homem no momento de sua formação, conforme Gênesis 2.7, onde se lê que o homem tornou-se "alma vivente". A condição expressa no verso 17 - "certamente morrerás" - sugere uma imortalidade humana. Subtende-se que se o primeiro casal não comesse do fruto proibido, não passaria pela morte física nem perderia a comunhão com o Criador. O primeiro casal não morreu logo após desobedecer, ou seja, não desceu ao pó, mas ficou potencialmente sujeito à morte física. Contudo, a sua morte espiritual foi imediata (Gn 3.7-13). Depois que o pecado afetou de forma negativa a raça humana, passou a haver separação da pessoa, na morte, em corpo, que volta à terra, e em espírito que volta a Deus (Ec 12.7). Analisemos Eclesiastes 12.7- “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” ... O pneuma-espírito não desce à sepultura. Ele é parte inerente ao homem, mas não o é do corpo sem vida. Na morte há uma separação. Os contradizentes argumentam que se todos os espíritos voltam a Deus, então, como defende o universalismo, todos se salvam. Tal argumento não deve prevalecer. Basta ler o verso anterior: “6 [Lembra-te também do teu Criador] ... Antes que se rompa o cordão de prata, [isto é, antes que a morte chegue e se desmanche a coluna vertebral] " (v.6). É nessa condição de homem arrependido e voltado para Deus, que a alma imortal, separada do corpo na hora da morte, "volta para Deus, que a deu". O contexto ressalta a fragilidade da vida do homem que vive sua vida sem temer a Deus, sem sequer se lembrar do seu Criador, sem nenhuma preocupação com a vida espiritual futura. A imagem de um corpo que se transforma em pó contrasta com a situação de vaidade e orgulho dos que não se submetem à vontade do Criador. Eclesiastes 12.7 mostra que a alma é imortal, e não morre com o corpo, nem com o corpo dorme na sepultura, mas segue imediatamente para Deus. Dando mais luz ao contido em Gn 3.19 e Ec 12.7, Jesus disse que quando descemos ao pó a nossa parte imaterial e invisível sobrevive, não morre: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mt 10.28). Seus discípulos aprenderam a lição. Sabiam que a morte não era o fim de tudo. Herodes poderia degolar João Batista, mas jamais poderia extinguir a sua alma. Pedro poderia ser crucificado de cabeça para baixo; outros poderiam ser brutalmente assassinados, mas suas almas permaneceriam intocáveis. Jesus não deixa dúvida quanto à imortalidade e sobrevivência da alma. Por isso, na parábola, disse que"Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". O rico, que vivia na opulência, poderia até ter tirado a vida do mendigo, mas a alma deste não seria atingida. Conhecedor desta verdade, o apóstolo Paulo afirma que "para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho...mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" (Fp 1.21-23). Estava Paulo realmente consciente de que iria apodrecer no sepulcro e nada dele sobraria até a ressurreição? Neste caso não haveria qualquer lucro imediato. Melhor seria continuar vivo e pregando o Evangelho. Mas ele tinha a promessa do Autor da Vida: a sua alma não morrerá. "Partir e estar com Cristo" transmite uma idéia de trânsito sem interrupção. Esta interpretação se torna mais consistente quando consideramos Lucas 23.43, 46, e Atos 7.59.
O EXTERMÍNIO DOS ÍMPIOS
Os mortalistas alegam que se os que morrem em Cristo seguem diretamente para o céu, por que motivo Deus os tiraria de lá para se unirem a seus corpos? Considerando que defendem a total extinção dos ímpios, respondemos com outra pergunta: "Por que Deus tiraria os ímpios de suas sepulturas (Ap 20.5) para em seguida aniquilá-los? Eles já não estão mortos? Ora, na ressurreição do corpo - uns para a vida de eterna comunhão com Deus, outros para a eterna separação de Deus - ocorre uma recomposição alma-corpo, e o homem retorna à condição original de alma vivente (Gn 2.7), porém agora, quanto aos salvos, num estado de glorificação. Li em determinado endereço na internet que o objetivo da segunda ressurreição, a dos ímpios (Ap 20.5) é "simples regresso à vida, à vida física, prelúdio de destruição total e definitiva (Dn 12.2 - 2a parte)". Vejamos o que diz o texto: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno" (Dn 12.2). Os contradizentes desejam aniquilar a alma do homem, na morte, e também aniquilar os ímpios após a ressurreição destes. Mas o texto apresentado não aprova tal raciocínio. Os ímpios ressuscitarão "para vergonha e desprezo eterno", ou seja, estarão eternamente envergonhados e desprezados, afastados de Deus. Jesus fala que os maus sofrerão a ressurreição "da condenação" (Jo 5.28,29). O inferno é lugar de "tribulação e angústia" (Rm 2.9) e de "pranto e ranger de dentes" (Mt 22.13; 25.30). Tais castigos só podem ocorrer em corpos vivos. A ressurreição dos ímpios dar-se-á para serem julgados e castigados segundo as más obras de cada um. É um exagero afirmar que a ressurreição dos ímpios é um "prelúdio" do extermínio.
GRAUS DE CASTIGO
A doutrina da pena de morte para os ímpios não consegue responder satisfatoriamente como serão aplicados os diferentes graus de castigo. Ora, se os ímpios sofrerem a pena capital, não haverá diferentes graus de punição. "Assim como haverá diferentes graus de glória no novo céu e na nova terra, também haverá diferentes graus de sofrimento no inferno. Aqueles que estão eternamente perdidos sofrerão diferentes graus de castigo, conforme os privilégios e responsabilidades que aqui tiveram" (Notas Bíblia de Estudo Pentecostal). Vejam os textos pertinentes: "Virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis". E o servo que soube da vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com MUITOS AÇOITES. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com POUCOS AÇOITES será castigado..." (Lc 12.46-48). "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações. Por isso, SOFREREIS MAIS RIGOROSO JUÍZO" (Mt 23.14). (Mc 12.40 diz:"...Estes receberão juízo muito mais severo"; Lucas 20.47 diz"... Estes receberão maior condenação"). "De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajar o Espírito da graça?" (Heb 10.29). "Uma é a glória do sol, e outra, a glória da lua; e outra, a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. " (1 Co 15.41,42). Os crentes fiéis receberão galardões: Mt 5.11,12; 25.14-23; Lc 19.12-19; 22.28-30; 1 Co 3.12-14; 9.25-27;2 Co 5.10; Ef 6.8; Hb 6.10; Ap 2.7,11,17,26-28; 3.4,5;12,21. Os crentes menos fiéis receberão poucos galardões, ou nenhum (Ec 12.14; Mt 5.19; 2 Co 5.10). Ainda sobre o "extermínio dos ímpios, convém esclarecer que o verbo "perecer" em Mateus 10.28 não significa exterminar. Vejamos seu real significado no grego, língua original do Novo Testamento, tudo conforme o conceituado Dicionário VINE, de W.E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr., CPAD, edição 2002, Rio.
"Perecer" 1 - apollumi, "destruir", significa, na voz média, "perecer", e é usado acerca de: (a) coisas (por exemplo, Mt 5.29.30; Lc 5.37; At 27.34 [em alguns textos piptõ, "cair"]; Hb 1.11; 2 Pe 3.6; Ap 18.14-segunda parte... (b) pessoas (por exemplo, Mt 8.25; Jo 3.15, 16; 10.28; 17.12, "se perdeu"; Rm 2.12; 1 Co 8.11; 15.18; 2 Pe 3.9; Jd 11). Em 1 Co 1.18 ["Porque a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo..."], literalmente, "perecendo", onde a força perfectiva do verbo implica a conclusão do processo. Quanto ao significado da palavra, veja DESTRUIR". "Destruir" 1 - apollumi, forma fortalecida de ollumi, significa "destruir totalmente"; na voz média, "perecer". A idéia não é de extinção, mas de ruína, perda, não de ser, mas de bem-estar. Isto é claro pelo uso do verbo, como, por exemplo, o estrago dos odres de vinho (Lc 5.37); a ovelha perdida, ou seja, perdida do pastor, estado metafórico de destituição espiritual (Lc 15.4,6, etc.); o filho perdido (Lc 15.24); o perecimento da comida (Jo 6.27), do ouro (1 Pe 1.7). O mesmo com relação às pessoas (Mt 2.13; 8.25; 22.7; 27.20); à perda da felicidade no caso dos não-salvos (Mt 10.28; Lc 13.3,5; Jo 3.15, em alguns manuscritos; Jo 3.16; 10.28; 17.12; Rm 2.12; 1 Co 15.18; 2 Co 2.15; 4.3; 2 Ts 2.10; Tg 4.12; 2 Pe 3.9). 2 - kataluõ, formado de kata, para baixo, elemento intensivo, e o n. 4, "destruir totalmente", "subverter completamente", é verbo que ocorre em Mt 5,17 duas vezes acerca da lei); Mt 24.2; 26.61; 27.40; Mc 13.2; 14.58; 15.29; Lc 21.6 (acerca do templo); em At 6.14, diz respeito a Jerusalém; em Gl 2.18, fala acerca da lei como meio de justificação; em Rm 14.20, da ruína do bem-estar espiritual de uma pessoa (em Rm 14.15, o verbo appolumi, n. 1, é usado no mesmo sentido). Em At 5.38,39, acerca do fracasso dos propósitos; em 2 Co 5.1, da morte do corpo".
Portanto, nem sempre a expressão PERECER significa destruição, extermínio, eliminação do ser. Vejamos o que diz o evangelho sinótico de Lucas: "Temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno" (Lc 12.5b). Eis a Bíblia se explicando a si mesma. O sinótico de Lucas, para não pairar dúvidas, não usa o verbo apollumi-perecer, mas emballõ-lançar (separar, lançar, arremessar, atirar, jogar, lançar em). Ballõ-lançar é um sinônimo traduzido como lançar, arremessar, jogar (Mt 5.29; 18.8; Ap 2.10.24; 20.3,10,14,15). Então Mateus 10.28b deve ser lido assim: "...tem o poder para lançar no inferno alma e corpo". Logo, lançar ou perecer no inferno não significa aniquilamento. Os mortalistas apresentam também o seguinte texto como prova do extermínio dos maus: "Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder" (2 Ts 1.9). Contestação - O versículo diz exatamente o contrário do que desejam os defensores da pena de morte. Os ímpios serão banidos da face do Senhor, para serem castigados (cf.Ap 20.10)."Destruição/perdição/banimento" (elethros) nesse caso, como já vimos, significa perda de bem-estar, ruína, separação eterna da comunhão de Deus, tal como já explicado a análise de Mateus 10.28b ("perecer no inferno"). Neste sentido é usado em Mt 7.13, Jo 17.12, 2 Ts 2.3. Adão foi expulso do Éden, banido da face do Senhor, e experimentou imediata perdição/morte espiritual. "Pois assim como em Adão todos morrem, também da mesma forma em Cristo serão vivificados" (1 Co 15.22). Ademais, o próprio texto diz: "separados/banidos da presença do Senhor". A advertência do Senhor continua válida nos dias de hoje. Se formos desobedientes, certamente morreremos (Gn 2.17). Mais um: "Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o Senhor dos Exércitos" (Ml 4.1,3). Contestação - Realmente, os ímpios serão destruídos. O texto fala de pessoas vivas que serão exterminadas no Dia do Senhor ("aquele dia"). Esses ímpios a serem aniquilados ressuscitarão no tempo devido (Jo 5.29; Ap 20.5). Depois, corpo e alma serão lançados no inferno (Mt 10.28; Lc 12.5), onde "serão atormentados dia e noite, pelos séculos dos séculos" (Ap 20.10,14,15). Malaquias 4.1,3 se coaduna com outras passagens que falam das últimas coisas. Vejamos: "Porque como um fogo purificador ele é..." (Ml 3.2-a); "Colocarei sinais nos céus e sobre a terra, sangue e fogo e colunas de fumaça" (Jl 2.30); "Os céus e a terra que agora existem, estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e da destruição dos ímpios (2 Pe 3.7). Um terça parte dos homens serão mortos ao soar da sexta trombeta, por fogo, fumaça e enxofre (Ap 9.15,17). No Dia do Senhor, no tempo em que Deus derramará seus juízos sobre a terra, os ímpios que existirem na terra experimentarão a primeira morte, a morte física. Depois da ressurreição, virá a morte eterna, a eterna separação de Deus (Ap 20.14,15;21.8; 22.15). Portanto, o texto sob análise não reforça a tese do aniquilamento. Dentro do mesmo contexto e interpretação estão os demais textos que falam em extermínio e perdição dos ímpios (Sl 34.16;37.9.10,38; 145.20. Fp 3.19). Em tais casos, "perecer", "destruir", "perdição" falam da destituição e alienação espirituais provenientes de Deus. São exemplos João 3.16 ("não pereça, mas tenha a vida eterna") e Mateus 10.6 ("ovelhas perdidas da casa de Israel"). A tese do extermínio dos ímpios enfrenta outra dificuldade. Jesus revelou que os justos ressuscitarão "para a vida", e os ímpios, "para serem condenados" (Jo 5.29); na carta aos romanos Paulo indica que"haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal" (Rm 2.9); em Daniel 12.2 lê-se que os ímpios ressuscitarão "para a vergonha e desprezo eterno"; Apocalipse 14.11 diz que não haverá descanso "nem de dia nem de noite" para os adoradores da besta; Apocalipse 20.10 anuncia que os que forem lançados no lago de fogo "serão atormentados dia e noite, para todo o sempre"; Jesus declara que os insensatos e hipócritas serão punidos severamente num lugar "onde haverá choro e ranger de dentes" (Mt 8.12; 24.51; 25.30), e onde estarão amarrados, em trevas, para todo o sempre (Mt 22.13). Convenhamos, defunto não chora, não se angustia, não range dentes, não passa por tribulação, não se atormenta, não sente vergonha ou desprezo. Logo, não deve prevalecer a idéia de que os ímpios serão exterminados. Deus não ressuscitará os ímpios para exterminá-los em seguida (Ap 20.5). Agiria assim para que morram "conscientes" da punição? De maneira alguma. É uma impropriedade alegar que a ressurreição é um prelúdio da morte. Reviver para morrer, sair da sepultura para, em seguida, retornar à sepultura - sinceramente, se trata de um pensamento que colide frontalmente com a Palavra. A ressurreição do corpo é para que viva; não para que morra. Não fosse assim, não haveria razão para ressuscitar os que já se acham mortos. Em resumo, a tese do extermínio dos ímpios é incompatível com a doutrina dos diferentes graus de castigo e contrária ao ensino da Bíblia. O assunto voltará a ser tratado mais adiante.
DUALIDADE E SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
A separação alma-corpo por ocasião da morte está expressa, por exemplo, nas palavras de Jesus: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou". Havendo morrido como homem, e não como Deus, a alma de Jesus também separou-se do seu corpo na morte. O primeiro mártir cristão, Estevão, também entregou seu espírito: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (At 7.59). Salomão tinha razão quando disse que o corpo desce ao pó, mas o espírito segue seu destino (Ec 12.7), confirmando haver uma separação na hora da morte. "E disse [o ladrão] a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23.42,43). A declaração de Jesus ao ladrão arrependido é a mais clara aplicação da salvação pela graça, mediante a fé, conforme Efésios 2.8-9. Além disso, o texto revela a dualidade do homem, a separação e sobrevivência da alma por ocasião da morte. Tão grande pedra no caminho dos mortalistas não poderia deixar de ser rejeitada com muito alarido e pouca consistência. Apresentam as seguintes objeções, cabalmente refutáveis. Primeiro - Dizem que em algumas versões está escrito "quando vieres no teu reino" , e não "quando entrares no teu reino". Assim, desejam convencer que a alma do ladrão não iria imediatamente para o céu, mas esperaria a volta de Jesus para ressuscitar. Contestação - (a) A segunda parte do texto dirime qualquer dúvida que possa existir com relação à primeira. Jesus declara que o ladrão arrependido subiria para o céu naquele mesmo dia. Em nenhuma hipótese devemos duvidar das palavras de Jesus, a menos que renunciemos à nossa condição de cristãos. (b) O ladrão arrependido passou a fazer parte do reino de Deus no momento em que aceitou o senhorio de Jesus. Sabendo que o ladrão morreria naquele mesmo dia, e que, na qualidade de salvo, sua parte imaterial iria para o céu, Jesus declarou sem rodeios: "Hoje estarás comigo no paraíso". É muito provável que o ladrão não conhecesse o ensino da volta de Jesus. A interpretação mais provável, portanto, é "quando entrares no seu reino". (c) De qualquer modo, Jesus nos ensinou que as almas dos crentes seguem direto para o céu. Com isto, o ladrão morreu com a certeza de se encontrar com Ele no paraíso. (d) A palavra grega erchomai é traduzida também como "vir" (Mt 2.2; 24.46), "ir" (Jo 20.1; 1 Co 4.19), chegar (Mt 8.14; 13.54), partir (Mc 8.10; 9.33). Em razão disso, algumas versões registram, "quando vieres no seu reino", e outras, "quando entrares no seu reino". (e) O ladrão leu a placa com a declaração em grego, romano e hebraico: "Este é o Rei dos judeus" (Lc 23.38) que fora colocada na cruz, teve certeza de que Jesus reinaria em algum lugar e manifestou o desejo de participar desse reino. Na verdade Jesus começou a reinar ali mesmo no coração do arrependido malfeitor. Então, quando estiveres, chegares, entrares no seu reinado, lembra-te de mim. Qualquer dúvida que possa subsistir desvanece diante da declaração de Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso". Segundo - Os contradizentes alegam que na Tradução Trinitariana, em português, editada em 1883, pela "Trinitarian Bible Society" de Londres, Diz: "Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso". Contestação - A versão apresentada atende aos interesses dos contradizentes. É importante registrar que em edições mais recentes, em português, da SBTB - Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, o versículo está redigido assim: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso". Então, se torna inconsistente o argumento que defende a transcrição correta somente na edição de 1883, sem esclarecer o porquê de tal discriminação. Eleger uma versão em detrimento de outras, somente porque determinado registro atende a determinada crença, não me parece um sólido argumento. Terceiro - Alegam também, em defesa da inexistência da alma imortal, que a expressão "hoje" ligada ao verbo não é redundante, mas enfática, tal como encontrada em Zacarias 9:12 e Atos 20:26. Justificam assim a versão "digo-te hoje: estarás comigo no paraíso". Contestação - Devemos buscar a ênfase no contexto. Logo após garantir que o malfeitor estaria com Ele no paraíso, Jesus, para confirmar tal assertiva, entregou ao Pai seu próprio espírito. Os textos apresentados (Zc 9.12 e At 20.26) não servem para elucidar a questão. Vários exemplos podem ser citados em que inexiste a expressão "digo hoje": "Em verdade vos digo que eles já receberam..." (Mt 6.2); "Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido..." (Mt 11.11). Quarto - Para contornar o problema, alegam que o ladrão não morreu naquele mesmo dia. Dizem que os crucificados passavam até sete dias sofrendo. Afirmam que "Cristo foi caso excepcional e que sabemos que não morreu dos ferimentos ou da hemorragia, mas do quebrantamento do coração. Morreu de dor moral por causa dos pecados do mundo. Mas os outros, não, e as crônicas descrevem o condenado esvaindo-se lentamente durante dias". Alegam mais que "de acordo com o costume, quebravam as pernas dos criminosos depois de os haverem removido da cruz, deixando-os estendidos no chão, até que o sábado passasse. Depois do sábado haver passado, sem dúvida esses dois corpos foram outra vez amarrados na cruz, e lá ficaram diversos dias até morrerem..." Contestação - Como não podem negar a morte de Jesus na sexta-feira, apelam por alongar a agonia dos malfeitores crucificados. Ao dizer que Jesus morreu de "dor moral", negam a existência de hemorragia no Seu corpo, a asfixia, o enfraquecimento físico. Tal afirmação colide com diagnósticos de profissionais. O Dr. Barbet, médico francês, professor e cirurgião, que por treze anos viveu na companhia de cadáveres, após dissertar sobre o sofrimento de Jesus, dá o seu diagnóstico: "Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?". Jesus grita: "Tudo está consumado!". Em seguida num grande brado disse: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E morre". O Professor Pierluigi Baima Bollone diretor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Torino - Itália, relata em seu último livro, "Os últimos dias de Cristo". que a causa final da morte de Jesus foi "asfixia, complicada por ataque cardíaco terminal, e trombose coronária, ocorridas depois de poucas horas sobre a cruz, pois Jesus se encontrava fraco, devido as torturas recebidas. Todos estes dados são perfeitamente compatíveis com o que se lê nos evangelhos". Vejamos o relato bíblico a respeito da morte dos ladrões: "Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado) rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado. Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas" (Jo 19.31-33). Quebrar as pernas dos crucificados tinha o objetivo de apressar a morte. Sem o apoio dos pés, o corpo ficava seguro apenas pelos pulsos, o que causava forte pressão sobre o tórax. A morte viria rapidamente. Quinto - Alegam que Jesus não foi para o Pai logo após a morte. Apresentam como justificativa o que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai" (Jo 20.17 a). Sob a ótica da não sobrevivência da alma, dizem que Jesus devolveu ao Pai o sopro, a vida dele recebida. Assim explicam: "Era este fôlego que Cristo e Estevão não podendo reter, quando estavam prestes a expirar (e expirar significa soltar o fôlego, exalá-lo definitivamente), pediram ao Pai que o recebesse de volta. (Atos 7:59 e Lucas 23:46). Mas não era parte consciente, pois Cristo, dias depois, ressurreto, dissera: "Ainda não subi para Meu Pai." Contestação - Creio que todas as afirmações de Jesus são verdadeiras. Os mortalistas se agarram na frágil argumentação segundo a qual o espírito de Jesus não subiu ao Pai porque Ele mesmo o revelou a Madalena (Jo 20.17). Somente em duas hipóteses Jesus não entregou seu espírito ao Pai. Primeira, Ele não falou isso, e os evangelhos mentem; segunda, de fato Ele entregou seu espírito, mas o Pai não o recebeu. Nenhuma dessas hipóteses é viável. "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai" diz respeito à subida de seu corpo ressurreto. Passados quarenta dias é que se deu sua ascensão corporal. Na ótica dos mortalistas não existe separação entre corpo e espírito por ocasião do falecimento. Admitem que o retorno à vida, como no caso de Lázaro (Jo 11.43) e da ressurreição coletiva (1 Ts 4.16-17), é resultado de novo sopro de Deus. Jesus e Estevão não entregaram um simples sopro, nem Jesus disse ao ladrão que o seu "sopro" estaria subindo para o céu juntamente com o seu próprio "sopro". Nem sempre se pode traduzir psyche como "sopro". Vejamos se seria possível tal construção: "Não temais os que matam o corpo, e não podem matar o "sopro"; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto o "sopro" como o corpo" (Mt 10.28). Após a morte a alma continua existindo. Na sua visão apocalíptica, o apóstolo João validou essa realidade: "E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus...e clamavam com grande voz..." (Ap 6.9-10). De nenhum modo se pode deduzir que os "sopros" dos mortos estavam vivos e conscientes. As "almas dos que foram mortos" estavam no céu, e oravam para que os ímpios que rejeitaram a Deus e mataram os seus seguidores recebessem a justiça divina. Para Apocalipse 6.9-10 os mortalistas afirmam que é tudo simbólico, mas depois apresentam uma bizarra interpretação: "Estas "almas" eram as pessoas vítimas da matança do cavaleiro chamado Morte, descrito no quarto selo. Queremos dizer que as "almas" que aparecem sob o quinto selo foram mortas sob o selo precedente, dezenas ou mesmo centenas de anos antes, portanto os perseguidores já estavam mortos, e ainda de conformidade com a teologia popular deveriam já estar no inferno, portanto já sofrendo a punição, sendo inócuo, pois, o clamor por vingança" (http://www.jupiter.com.br/iasd/pmc2/outras2.htm [este é um site dos adventistas do sétimo dia]) Contestação - O que dizer de: "E vi almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus..." (Ap 20.4)? Se são "almas das pessoas", confirma-se a sobrevivência das almas, pois não há registro de que essas pessoas haviam ressuscitado. Se a Bíblia diz que eram almas dos mortos, então realmente o eram. Seriam elas o "sopro" dos que foram degolados?. Claro que não. A mensagem nos diz que as almas se separam dos corpos, e sobrevivem, conforme referendado em outros textos. Não procede o argumento de que as almas referidas são de pessoas que morreram centenas de anos antes. Esses eventos ocorrerão num período de sete anos, tempo de duração da grande tribulação, a "septuagésima semana de Daniel" (Dn 9.27;Ap 11.2; 13.5). Em Lucas 16.22 está escrito, conforme palavras de Jesus, que o mendigo Lázaro morreu e "foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". A alma do injusto rico seguiu para um lugar de tormentos. O apóstolo Paulo desejou "partir e estar com Cristo, o que é muito melhor" (Fp 1.23). Esta afirmação denota mudança imediata, sem interrupção, sem intervalo. Demonstra que Paulo sabia que a sua alma entraria imediatamente na presença de Deus. A imortalidade da alma não é doutrina estranha às sagradas Escrituras. Creio na verdade dita por Jesus: podem matar o corpo, mas a alma não morrerá. Vejamos mais uma vez: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt 10.28). "Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei". (Lc 12.4-5). O texto acima contradiz duas teses dos aniquilistas: (a) A da morte da alma com o corpo; (b) A do extermínio dos ímpios. Alegam que "matar o corpo e não podem matar a alma" significa não poder matar o transcendente, a mente ou ego. Alegam também que se Jesus declara que Deus pode fazer perecer no inferno alma e corpo, é porque a alma é mortal. Contestação - Os contradizentes afirmam que quando o homem morre, tudo se acaba. Somente na ressurreição é que ressurgem corpo, consciência e todo o complexo ser humano. O texto, por sua clareza, dispensaria comentários. "Matar o corpo, mas não podem matar a alma", dar autenticidade a Lucas 16.22 (Lázaro levado pelos anjos), Atos 7.59 (Estevão entregando seu espírito), Filipenses 1.23 (Paulo desejando morrer para estar com Cristo), Lucas 23.43 (o malfeitor arrependido sendo levado para o céu), Lucas 23.46 (o próprio Jesus entregando o seu espírito), Eclesiastes 12.7 (a alma se desliga e volta a Deus), Apocalipse 6.9 (almas dos mortos), Tiago 2.6 (corpo sem o espírito), Mateus 17.3 (Moisés na transfiguração), 2 Coríntios 5.8 (deixar o corpo e habitar com o Senhor), Mateus 22.32 (Deus não é Deus dos mortos, mas de vivos).
A MORTE DA ALMA
Examinemos algumas das provas apresentadas pelos mortalistas. "Certamente morrerás", castigo prometido ao homem, em caso de desobediência (Gn 2.17), versículo muito usado na defesa do dogma da pena de morte para a alma. Alegam que como o homem foi feito "alma vivente" (Gn 2.7), ao morrer, morre a alma vivente e tudo se extingue. Alguns alegam que o homem, por não haver comido da árvore da vida (Gn 4.22-24), não se tornou imortal. Contestação - Os contradizentes se apegam ao termo "alma vivente" na tentativa de demonstrar que o homem sendo uma alma que vive, morrendo o homem, morre a alma. Ocorre que o hebraico nephes, mencionado mais de 780 vezes no AT, é traduzido por alma, ego, vida, pessoa, coração. A mesma palavra nephes é usada para descrever animais da terra, em distinção aos pássaros e peixes. Nesta concepção, são seres ou criaturas viventes (Gn 1.24,28,30). Quanto ao homem, a palavra passa a significar pessoa que vive. Uma importante diferença existe na criação de homens e animais. O homem foi criado de um modo todo especial. Além de haver sido feito à imagem e semelhança do Criador, Deus soprou em suas narinas. Não houve sopro nas narinas dos animais. Temos, portanto, em nosso ser uma substância divina que veio diretamente do Ser Divino. A isso chamamos alma, que, segundo as palavras do próprio Criador, Jesus, é imortal e transcendente (Mt 10.28). É possível que a árvore da vida seja símbolo das bênçãos espirituais a serem desfrutadas pelos que são lavados e remidos no sangue do Cordeiro. Após a queda, Adão foi lançado "fora do jardim do Éden" para que não tome da árvore da vida, e "viva eternamente" (Gn 3.22-23). O ressurgimento simbólico da árvore no tempo futuro (Ap 2.7;22.2,14), para desfrute dos santos imortais, desencoraja a tese de que ela seja símbolo de imortalidade. O Novo Comentário da Bíblia, assim interpreta: "Qualquer que seja a verdadeira explicação sobre a árvore, não há dúvida sobre a significação da ação de Deus ao remover o homem do jardim. O homem estava agora cortado de Deus e, portanto, no sentido mais real estava cortado da "vida": isso foi simbolizado mediante a separação entre ele e a árvore da vida". Somente quando a redenção aparece consumada é que a árvore da vida reaparece dentro do alcance do homem. Note-se que a `árvore da vida´ era símbolo do estado abençoado do homem; enquanto que a árvore da ciência do bem e do mal simbolizada o teste a que foi sujeitado o homem". Gênesis 2.17 não fala em mortalidade da alma. Somente a partir de Eclesiastes 12.7 o assunto começa a ser revelado, até chegar na palavra de Jesus, conforme Mateus 10.28, onde diz que a alma não pode morrer. Adão passou por duas qualidades de morte, após sua queda: em primeiro lugar e imediatamente, adveio a morte espiritual, ou seja, a eterna separação de Deus (Gn 3.6-12). Em segundo lugar, a morte física, isto é, Adão ficou sujeito a morrer fisicamente. Daí a sentença em Gênesis 3.19: "Pois és pó, e ao pó tornarás". Por isso, "certamente morrerás" (Gn 2.17) contempla a morte física e a morte espiritual. Esses dois tipos de morte passaram a todos os homens (Rm 5.12, cf. Mt 13.49; 25.41). A alma imortal de Adão não ficou sujeita à morte. Os mortalistas dizem que na morte o fôlego se evapora, perde-se no ar. Eclesiastes 12.7 chama "espírito" a parte invisível que sai do corpo sem vida, e que volta para Deus. Salomão não se estendeu muito no assunto, mas nota-se que ele estava falando dos justos, cujas almas vão diretamente para Deus. Portanto, não vale dizer que Salomão ensinou a salvação universal, salvação para todos. Para colocar as coisas nos devidos lugares, Jesus explica que os justos são levados para o céu, e os desobedientes para um lugar de tormentos (Lc 16.19-31). Continuemos na análise de alguns versículos apresentados pelos mortalistas em defesa do dogma da mortalidade da alma. "A alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18.4,20). Contestação - A Bíblia está falando de pessoas, de filhos com relação aos pais. .... Citar esse versículo como prova da mortalidade da alma é um lamentável equívoco. "Morte" nesse caso tem o mesmo signif